Pode consultar aqui o powerpoint apresentado:
(33) (PDF) Os Deuses e os Astros | Filomena Barata - Academia.edu
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(33) (PDF) Os Deuses e os Astros | Filomena Barata - Academia.edu
Exposições GOOGLE
ARTS AND CULTURE
Museu Nacional de
Arqueologia
Maria Filomena
Barata
Patricipação, organização e/ou produção de conteúdos.
Resultado
de uma parceria entre o Google Arts & Culture e a DGPC, no âmbito do
projeto Simplex+, o MNA disponibiliza, digitalmente naquela plataforma, bens
culturais pertencentes ao seu acervo e exposições virtuais.
Pode agora ficar a conhecer um pouco melhor as coleções do MNA e visitar
virtualmente algumas das exposições que propomos aqui.
Coordenação
António Carvalho - Diretor do Museu Nacional de Arqueologia
Conceção e textos:
Ana Maria Lóio - Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Centro de Estudos Clássicos,
e Filomena Barata - Museu Nacional de Arqueologia
Revisão:
Joy Littlewood (independent scholar based at Oxford)
Produção Digital:
Luis Ramos Pinto - Direção Geral do Património Cultural
Mosaico dos cavalos. Villa romana de Torre de Palma. Museu Nacional de Arqueologia
No final do mês de março de 2019, foi editada uma exposição dedicada ao «Naufrágio do San Pedro de Alcantara, 1786» e, em dezembro do mesmo ano, a exposição sobre «O Mosaico das Musas». Aqui
Em abril de 2020, foi publicada a exposição «Lisbon Mummy Project», com a coordenação de Carlos Prates/IMI-ARTE. Aqui
No dia 24 de fevereiro de 2021 foi lançada a exposição «Heróis, Gigantes
e Monstros: Mitologia Grega nos Museus Portugueses», com a colaboração do
Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa.
Concepção
Centro de Estudos Clássicos,
Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa
(Projecto Aquiles tardio na escola e na corte, financiamento FCT):
Selecção de textos: Fotini Hadjittofi e Ana Lóio
Traduções: Duarte Anjos (revisão Ana Lóio. ) National Museum of Archaeology:
Filomena Barata (Suporte técnico)
No Dia Internacional dos Museus, 18 de Maio de 2021, foi lançada uma nova exposição, dedicada a
essa efeméride, sob o título «Novo Olhar sobre o MNA». Aqui
Coordenação Geral:
António Carvalho - Diretor do Museu Nacional de Arqueologia
Conceção e textos:
Filomena Barata e Ana Caessa
Suporte técnico
Filomena Barata e Thiago Carrapatoso (Google Arts & Culture)
Quando a divindade
soube que Átis lhe fora infiel e se deixara seduzir por uma ninfa, teve um
terrível acesso de ciúmes. Provocou-lhe um transe delirante e, nesse estado de
loucura, Átis castrou-se, para garantir que nunca mais quebraria o seu
juramento de fidelidade. Ao recuperar do delírio, estava mortalmente ferido, e
sangrou até a morte nos braços de Cíbele, sob o mesmo pinheiro em cuja sombra
se havia deitado com sua ninfa. Entretanto, como Átis se tratava de uma
divindade, a sua morte não foi definitiva e foi transformado num pinheiro: a
cada Primavera o jovem renascia, passando com Cíbele o Verão; e, a cada Inverno,
ele tornava a morrer, e a deusa chorava até que finalmente chegasse a Primavera
seguinte.
É assim a Mitologia nos descreve o renovar de cada Primavera e da vegetação, sendo estas as
palavras de Vergílio:
«Nesta altura,
quando vires o enxame saído da colmeia
flutuando no ar transparente do Verão até junto dos astros do céu
e te maravilhares com a sua nuvem escura arrastada pelo vento,
observa-as bem. Elas procuram sempre águas doces
e protecções frondosas. Aí espalha as essências prescritas:
erva-cidreira triturada e a vulgar erva da borragem, faz
barulhos estridentes e toca à volta os címbalos da Grande Mãe».
Vergílio, Geórgicas.
Livro IV. 2019
Regressando ainda a Cronos, depois de ter retirado o poder ao seu pai, o seu poder perdurou até que foi derrubado pelos filhos Zeus, Posídon e Hades.
Cronos ficará assim conhecido como o rei dos Titãs, sobretudo associando-se ao tempo que rege os destinos e que tudo pode devorar, até a sua própria criação.
De acordo com a Mitologia, Cronos temia uma profecia, segundo a qual seria também ele destronado do poder por um dos seus filhos. De temperamento violento e negativo, Cronos passou a matar e devorar todos os filhos gerados com Reia. Porém, a mãe conseguiu salvar um deles, Zeus.
Para salvar Zeus, Reia deu-lhe uma pedra embrulhada num pano que ele comeu sem perceber e o filho foi escondido numa gruta em Creta, sendo alimentado com mel e leite da cabra Amalteia. Ao crescer, Zeus libertou os Titãs e com a ajuda deles fez Cronos vomitar os irmãos (Hades, Hera, Héstia, Posídon e Deméter).
«Três noites faltavam para os cornos se unirem totalmente,
E perfazerem um círculo. Mal a lua refulgiu toda cheia,
e contemplou as terras com a sua forma completa,
ela sai do palácio, coberta de vestes desapertadas,
pés descalços, os cabelos descobertos, soltos
pelos ombros.
Caminha sozinha, a passo errante, nos silêncios
mudos
do meio da noite. Homens, aves e animais estão
relaxados
num sono profundo; nem um só murmúrio nos
arbustos,
(como se dormisse, a serpente não
solta um só murmúrio,)
As folhas, imóveis, em
silêncio, em silêncio está o ar húmido.
Apenas as estrelas cintilam. Para estas estendeu os
braços
Rodopiou três vezes, três vezes o cabelo aspergiu
com água
Colhida num regato, abriu a boca e gritou três
vezes.
E ajoelhando-se sobre a dura terra, deste modo
rezou:
“Oh noite fidelíssima
para os nossos mistérios, e vós,
estrelas douradas, que com a lua sucedeis aos
fogos do dia,
e tu Hécate das três cabeças, que conheces os meus
intentos,
e vens ajudar as fórmulas mágicas e as artes + dos
feiticeiros +,
e tu, ó Terra, que forneces aos feiticeiros
poderosas ervas
e vós, brisas e ventos, e montanhas e rios e
lagoas,
e todos vós, deuses dos bosques, vinde!
Ovídio, Metamorfoses, Liv VII. vv: 281 a 333.
Segundo outra versão, terá sido Atena (ou Deméter noutra lenda) a salvar-lhe o coração que ainda palpitava e, engolindo-o, a princesa tebana Sémele engravidou do segundo Dioniso.
Aceita-se ainda numa outra das versões que o coração de Zagreu tenha sido reduzido a pó que foi dado a beber a Sémele, que assim ficou grávida.
O filho de Zeus e da mortal Sémele viria a ser o famoso Dioniso, deus do vinho e da vinha, que, na verdade, era uma reencarnação do falecido Zagreu, conhecido entre alguns autores como o "primeiro Dioniso“. Por isso, ele é chamado “duas vezes nascido” ou “o de duplo nascimento” (dio-nisio).
Hera, ao ter conhecimento das relações amorosas de Sémele com o seu esposo Zeus, resolveu eliminá-la.
Transformando-se na ama da princesa tebana, aconselhou-a pedir ao amante que se apresentasse em todo o seu esplendor. O deus advertiu Sémele que semelhante pedido lhe seria funesto, uma vez que uma mortal não suportaria a epifania de um deus imortal. Mas, como havia jurado pelas águas do rio Estige jamais contrariar-lhe os desejos, Zeus apresentou-se com seus raios e trovões e ela morreu fulminada, salvando-se apenas o seu filho.
O feto do futuro Dioniso, foi salvo por Zeus que o recolheu do ventre de Sémele e o colocou na sua coxa, até que se completasse a gestação normal.
Mas o longo caminho de Baco não termina por aqui.
Temendo novo estratagema de Hera, mal nasceu o filho de Zeus, Hermes recolheu-o e levou-o às escondidas para a corte de Átamas, rei beócio, casado com a irmã de Sémele, Ino, a quem o menino foi entregue. Irritada, Hera enlouqueceu o casal que matou os seus filhos.
Zeus transformou o filho num menino (ou em bode, segundo algumas narrativas) e ordenou que Hermes o levasse para o monte Nisa, onde foi confiado aos cuidados das Ninfas e dos Sátiros, que lá habitavam numa gruta profunda.
Ainda assim a saga não termina e, enciumada, a deusa Hera transforma Baco já adulto num louco a vaguear pelo mundo.
Ao passar pela Frígia, foi curado e instruído nos rituais religiosos pela deusa Cibele. Na Frígia, conheceu Cíbele, deusa da natureza e abundância, que o curou e o iniciou em seus ritos religiosos.
Assim, Baco começou a juntar discípulos por onde andava, ensinou-os a cultura da vinha e os seus mistérios por toda a Ásia.
As ménades, também conhecidas como bacantes, lenai, tíades ou coribantes (estas últimas ligadas ao culto de Cibele na Lídia) são as seguidoras de Baco, participantes das orgias e aliadas nos seus confrontos com tiranos.
Buscavam a vida nos bosques e dedicavam-se à dança, a festins de embriaguez e dilaceramento de animais selvagens.
São normalmente representadas nuas ou vestidas só com peles de veado, com grinaldas de Hera e empunhando um tirso.
Na presença do deus, ficam imbuídas do seu poder e podiam atingir o êxtase.
Aracne será assim vítima da orgulhosa Atena que não consegue conceber que a sua tapeçaria seja menos bela do que a que ela havia concebido. A pobre Aracne termina por suicidar-se e Atena condoída acaba por transformá-la numa aranha.
Medusa será vítima dessa violência, quer de Posidon, que a estrupou, junto do Templo de Atena, segundo algumas versões do mito, quer da própria Atena.
Ficou conhecida na Mitologia como por ser um monstro ctónico terrível do sexo feminino, sendo representada com serpentes no lugar dos cabelos com o poder de petrificar apenas com o olhar. Era irmã das Górgonas, que Hesíodo assim descreve, na sua Teogonia.
"que habitam para lá do Oceano ilustre,
ne fronteira com a noite, na morada das Hsepérides de voz cristalina,
Esteno, Euríale e Medusa de fatídico destino.
Esta era mortal, enquanto eram imortais e isentas de velhice
as outras duas. Mas, só a ela conheceu o deus dos cabelos anilados,
na planície suave, entre as flores da primavera."
Hesíodo, Teogonia
Contudo Medusa não teria sido sempre assim, segundo outras versões do mito. Teria sido uma mulher de corpo perfeito e de belos cabelos dourados. Seria com as irmãs sacerdotisa de Atena, Deusa da guerra e da justiça. Posídon, deus do mar, teria violado Medusa, junto do templo. A Deusa furiosa pelo desrespeito praticado no seu templo castigou Medusa, transformando- a num mostro mortal. Os seus belos e invejados cabelos transformaram-se em serpentes, o seu corpo foi deformado e a pele criou escamas e ficou pegajosa, e os seus os dentes tinham o aspecto de um javali. Perseu, filho de Zeus com a ajuda de Atena, será o herói que decapitará Medusa, matando-a. Em seu auxílio vão Hades e Hermes que presentearam Perseu com um elmo, que o deixava invisível, sandálias aladas, um escudo feito de bronze brilhante, uma espada e ainda um alforje chamado quíbisis para poder carregar a cabeça cheia de serpentes. A sua cabeça será oferecida à justiceira Atena que, doravante, a usará na sua égide.
«Dela, quando Perseu lhe decepou a cabeça, Surgiram o grande Criasor e o cavalo Pégaso»
Hesíodo, Teogonia.
Pintor de Perséfone.
As narrativas mitológicas as Mulheres (como nos
homens aliás) são, portanto, na Antiguidade Clássica, espelho de um universo marcado
pela violência, tema a que regressarei num próximo trabalho, mais dedicado à
violência exercida sobre as divindades femininas.
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