Na descrição de Avieno, na sua Ora Marítima, escrita no século IV d. C., mas que se baseia fundamentalmente num périplo comercial massaliota do século VI a.C diz-se do Cabo de S. Vicente que
“Então, lá onde declina a luz sideral, emerge altaneiro o Cabo Cinético, ponto extremo da rica Europa, e entra pelas águas salgadas do Oceano povoado de monstros”.
E mais adiante, expressa Avieno «Segue-se um promontório, que assusta pelos seus rochedos, também ele consagrado a Saturno. Ferve o mar encrespado e o litoral rochoso prolonga-se extensamente» (vv. 215-217)». Este segundo cabo é o que Avieno considera o «Sacro».
Nos versos que anteriormente citámos, Avieno diz que o promontório é também ele dedicado a Saturno. Este «também» poderá remeter-nos para um passo anterior do seu texto, onde descreve «uma ilha abundante em ervas e consagrada a Saturno. Nela a força da natureza é tanta que, se alguém navegando se aproxima dela, de imediato em volta o mar se excita: a própria ilha se agita e a água revolta-se toda, em fortes ondas, enquanto o resto do pego permanece silencioso como se fora um lago» (Avieno, vv. 165-172).
Também o Promontório é referido por Estrabão como um local onde “não é permitido oferecer sacrifícios nem aí pernoitar. Os que o vão visitar pernoitam numa aldeia próxima, e depois, de dia, entram ali levando água, já que o local não o tem”.
Estrabão descreve da seguinte forma o que pensamos ser alguns rituais religiosos que existiriam no local: (há) ” pedras organizadas em grupos de três ou quatro, as quais, segundo um antigo costume, são viradas ao contrário pelos que visitam o local e depois de oferecida uma libação são recolocadas na sua posição anterior”.