TÓPICOS
As várias
dimensões do Fogo nas diferentes mitologias
Zeus – o
Senhor dos Fenómenos atmosféricos
Na mitologia
grega antiga, Zeus atirava flechas do céu quando fica enfurecido, a mesma arma
que manejara com destreza para derrotar os inimigos, os Titãs, que o permitiu
tornar-se o deus dos deuses. Era ele, Zeus, que tinha poder sobre os fenómenos
atmosféricos, lançando a chuva com a sua mão direita e usando a sua força de
forma destruidora, mas também para que fosse benfazeja com as plantações. Por
isso, Zeus é representado na própria estatuária grega com os seus atributos: o
relâmpago ou raio na mão direita, sendo também seus atributos a águia, o touro
e o carvalho, que simbolizam reciprocamente a rapidez, a força, a energia e o
poder do comando.
As flechas de Zeus
brilhando por entre as nuvens fazem um barulho ensurdecedor, como descreviam os
Antigos, povoando as suas mentes de medo, mas também de fascínio por tão grande
poder.
Do mesmo modo, os Gregos criam que os Cíclopes, os gigantes de um só olho
(chamados Arges, Brontes e Estéropes,32), forjavam raios para Zeus, pai dos
deuses do Olimpo, para lançá-los sobre os mortais.
Mas subjacente à
mesma ideia, esse castigo infligido aos deuses ou Humanos que pretendem
alcançar aquilo que à Divindade Suprema pertence é também o mito Grego do
Gigante Prometeu de quem Zeus temia o poder e que, segundo o mito, criou, a
partir de um bloco de argila misturada com água, o primeiro Homem.
É Prometeu que
vai roubar do Carro do Sol uma faísca e vem oferecer aos Homens o Fogo divino.
Desta e outras
afrontas feitas ao Pai dos Deuses, Zeus enfurecido oferece aos Humanos Pandora,
criada pelo deus Hefesto, e que, segundo o mito, abre uma Caixa e espalha sobre
a Terra todos os males.
A Prometeu
restou-lhe ser acorrentado no cume do Monte do Cáucaso, onde o seu fígado era
devorado por uma águia, até ter sido libertado por Héracles desse flagelo.
Festival de
Vestália, em honra a
Vesta, deusa do lar e senhora do fogo sagrado.
Entre os romanos,
eram sacerdotisas, as vestais, que guardavam nos seus templos o fogo sagrado, e
esse nunca deveria se apagar.
A Vestália era um
festival em homenagem ao culto da deusa romana Vesta, deusa que personificava o
fogo sagrado que, segundo a lenda, tinha sido trazido de Troia por Eneias e era
perpetuamente preservado pelas sacerdotisas da deusa, as vestais, no seu
santuário, em Roma. Ocorria entre os dias 7 e 15 de junho, quando o templo, era
aberto para as mulheres de Roma.
A principal
atividade das vestais era manter sempre aceso o fogo sagrado no Templo de
Vesta. Deixar o fogo apagar-se equivalia a deixar o Império Romano sofrer a
ira dos deuses.
Vesta estava
diretamente ligada ao fogo sagrado que mantém acesa a luz de Roma e, por isso
mesmo, a origem da deusa Vesta e, especialmente, das Virgens Vestais, está
ligada à criação da cidade de Roma como um espaço sagrado.
Nos dias da Vestália as mulheres entravam no templo descalças e com os cabelos
soltos para orar e pedir pelo bem de sua casa e sua família. Em épocas de seca,
vinham a Júpiter pedir por chuva. Elas 4costumavam levar para o templo pratos
com várias iguarias e as vestais ofereciam-lhe uma farinha de trigo branca que
era moída, torrada e salgada, utilizada em todos os sacrifícios oficiais.
Devido a inviolabilidade do Templo de Vesta e das próprias sacerdotisas, as
mesmas também guardavam os objetos sagrados, tratados solenes e testamentos de
várias pessoas, entre elas como dos próprios imperadores romanos: Augusto,
Tibério, entre outros; como cita Suetónio no seu livro “Vidas dos Doze
Césares”.
O Templo de
Vesta, cujo acesso sempre era proibido para homens, abria suas portas no dia 7
de junho para as matronas (as parteiras). Normalmente só quem tinha acesso ao
templo eram as vestais e o pontífice
máximo (pontifex
maximus), mas este não podia entrar no Peno das Vestais (Penus Vestae),
o recinto secreto da deusa.
A 9 de junho
decorria a festa era mais popular: era a festa dos padeiros e moleiros, devido à sua relação com o fogo, já que eles o utilizavam nos fornos para
fazer pão. Os burros que ajudavam no trabalho e as rodas dos moinhos eram
enfeitados com grinaldas de violetas.
Eis o pescoço
do jumento decorado
com guirlandas e rolos pendurados,
viam-se grinaldas robustas trançadas
nos moinhos de pedra.
(Ovídio, Os Fastos)
Segundo Ovídio
(OVIDIO, Fastos) a ausência de uma estátua que representasse a deusa era
suprimida pela figura do fogo perene e inextinguível de Roma, da lareira acesa
que deveria queimar incessantemente.
«A Alma terra,
por seu turno, rodeada que estava pelo mar,
entre as águas
oceânicas e as fontes que, por toda a parte,
encolhidas, buscam refúgio nas escuras entranhas da mãe,
ergueu a custo, árida, até ao pescoço, o rosto sufocado;
e pondo a mão à frente da testa, com um enorme safanão
tudo fez estremecer. Instalando-se um pouco mais baixo
do que é costume, com voz alquebrada, assim falou:
«Se é isto que queres e mereci, que aguardam os teus raios,
ó deus supremo? Se vou perecer pela violência do fogo,
dá-me perecer pelo teu fogo para a desgraça ser mais leve,
sendo tu o autor (...)
Esta é a paga que me dás, esta a recompensa pela fertilidade
e os meus serviços, por eu suportar as feridas do arado
adunco e das enxadas, e por me afatigar o ano inteiro
por prover o gado de folhagens e a raça humana de cereais
(...)
Pois se consideração nem por teu irmão nem por mim te toca,
ao menos condói-te do teu próprio céu!
(...)
Se os mares, se as terras, se o palácio celeste perecerem,
voltamos à amálgama do Caos primordial. Salva das chamas
o que ainda restar, se ainda restar algo, e olha pelo universo».
Assim falara a Terra (já não conseguia mais aguentar
o calor, nem dizer nada mais). E enfiou de volta a cabeça
em si mesma e nos antros mais próximos dos defuntos.
Então, o pai omnipotente chama os deuses para testemunhar. (...)
Depois, sobe à cidadela lá no alto (...)
Troveja, e, balançando um raio junto à orelha direita,
dispara-o contra o cocheiro, cuspindo-o, a um tempo, da vida
e do carro. E assim, com o seu cruel fogo, extinguiu o fogo».
Hefesto
Filho de Zeus e
de Hera
Deus do Fogo e da
Metalurgia
Reina sobre os
vulcões
Prometeu
Filho do titã
Japeto e da ninfa Clímene
Tomou o partido
de Zeus
Roubou o fogo da
«Roda do Sol» ou da Roda de Hefesto e leva-o escondido para os mortais, no
caule de um sabugueiro.
Ovídio refere que
o carro de Apolo foi oferecido por Vulcano.