Desejei dedicar este artigo aos Museus nacionais com acervo arqueológico preveniente do Algarve, na continuação de um trabalho iniciado para a exposição «Algarve, Noventa Séculos entre a Serra e o Mar».
Isto porque a temática dos Museus é fundamental, e tantas vezes reflectimos, para além da sua vocação, enquanto “depósitos de memória”, sobre os seus aspectos formativos, educativos e de conservação, bem como a importância da gestão dos seus acervos, tantas vezes, dando corpo e coesão ao inúmero conjunto de colecções que se encontram dispersas por todo o país com a mesma proveniência ou de territórios com afinidades ou proximidade.
Assim, tal como já referimos em artigo publicado na Revista Portugal Romano, nº 0, uma vez que nunca se constituiu o «Museu do Algarve», o sonho tristemente gorado de Estácio da Veiga, pese a dedicação e labor de uma vida (Ver artigo sobre o Museu do Algarve na Revista «Portugal Romano, nº 0), as colecções de arqueologia do Algarve acabaram por se manter pulverizadas em vários Museus e Núcleos Museológicos, quer desta Província, quer no Alentejo, em Vila Viçosa, no Paço Real, e no Museu de Évora, quer em Lisboa, no Museu Nacional de Arqueologia, e ainda mais a Norte, na Figueira da Foz, no Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa, dando origem a que, usando as palavras de Maria Luisa Estácio da Veiga Affonso dos Santos, seja «desproporcional e relativamente fraca, apesar das escavações em curso, a representação do património arqueológico em Museus do Algarve, isto é do seu próprio território, face à superfície da região, ao número de estações e totalidade das colecções conhecidas. Por exemplo, faz-se sentir a falta de colecções ou de peças que de forma especial caracterizem o esplendor do Calcolítico, ou documentem o requintado grau de Romanização atingido pelas cidades indígenas» (1).
Deste modo, e tendo por base fundamental o trabalho publicado por Maria Luísa Estácio da Veiga Affonso dos Santos na obra abaixo referida, bem como a recolha que efectuei quando coordenava a obra «Algarve, Noventa Séculos e o Mar» e ainda o conhecimento de novos museus, Centros Interpretativos e Núcleos Museológicos do Algarve, a exemplo do Cerro da Vila e de Milreu, para falar do período romano, apresento a seguinte proposta de Itinerário pelos Museus Nacionais com acervo proveniente do Algarve.
Sobre os Museus com colecções de vidro, pode consultar-se página neste mesmo site:
Gonzo de porta de Bronze. Época Romana. Caldas de Monchique. Museu de Lagos.
Lígula ou colher medicinal ou litúrgica de prata. Praia da Luz. Museu Regional de Lagos.
O antigo Museu Regional de Lagos foi criado pela autarquia em 1930, por iniciativa do Dr. José Formosinho, utilizando as instalações da sacristia da igreja de Santo António.
Como anteriormente dito, José Formosinho vê, em 1930, aprovada pela Câmara Municipal uma sua iniciativa para a criação, em Lagos, de um pequeno museu regional, tendo sido nomeado Conservador do mesmo museu, sem direito a qualquer remuneração. «É em sessão camarária de 23 de Agosto de 1930.Posteriormente interessa a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais na instalação do museu e assim vai conseguir ampliá-lo, por fases, consecutivamente de 1931 a 1954!
As colecções de Arqueologia, grande parte provenientes das escavações realizadas pelo seu fundador, que «Inicia, desde logo (grande parte à sua própria custa), explorações arqueológicas em estações localizadas nos concelhos de Lagos, Aljezur, Vila do Bispo, Portimão e Monchique, das quais salva da perda irreparável inúmeras preciosidades, que irão constituir grande parte do espólio que enriquece o Museu Regional de Lagos.
De especial interesse vão ser as intervenções do Dr. José Formosinho nas zonas arqueológicas de Aljezur, Alcalar, Boca do Rio, Abicada e Caldas de Monchique » (Ver: O DR. JOSÉ FORMOSINHO E A ARQUEOLOGIA DO ALGARVE, in Noventa Séculos entre a Serra e o Mar, IPPAR.
Mas de salientar ainda as Abel Viana e Octávio da Veiga Ferreira que a par do fundador do Museu vêm a permitir que o seu acervo seja representativo quer para da Pré-história, quer da Época romana, Período árabe, dos concelhos de Lagos, Vila do Bispo e Monchique. É de notar uma importante colecção de numismática, um núcleo de epigrafia romana e a escultura da cabeça do imperador Galiano.
Veja-se: José FORMOSINHO (1997) – “O Dr. José Formosinho e a Arqueologia do Algarve”, Noventa séculos entre a serra e o mar, IPPAR, Lisboa, pp. 59-67 …
http://www.cm-lagos.pt/portal_autarquico/lagos/v_pt-PT/menu_turista/concelho/cultura/museus/museu_jose_formosinho/
Balsamário antropomórfico proveniente de Monte Molião.
Museu de Lagos
Museu de Portimão
O Museu de Portimão, inaugurado em 17 de Maio de 2008, e instalado na antiga fábrica de conservas Feu, e foi integrado na Rede Portuguesa de Museus. Tem uma secção dedicada à «Origem e Destino de uma Comunidade», onde se pretende interpretar os a evilução histórica das populações a partir da Pré-História até à actualidade, agregando materiais provenientes de várias sítios arqueológicos em meio terrestre e subaquático.
Marca de jogo. Época romana. Proveniente da Villa romana da Abicada
Colecção arqueológica das Termas das Caldas de Monchique
Trata-se de uma colecção monográfica, constituída por peças arqueológicas provenientes das escavações das termas romanas, de que destaca uma árula romana dedicada às Águas Sagradas (AQUIS SACRIS)- Possui ainda peças portuguesas de várias cronologias, correspondentes às várias fases de ocupação das termas.
Museu Municipal de Silves
Criado em 1989 por iniciativa da autarquia, sob a coordenação do arqueólogo Mário Varela Gomes, também autor do projecto museológico. O edifício próprio desenvolve-se em torno de um poço-cisterna almoada, classificado como Monumento Nacional, tendo sido também integrado um troço de muralha da mesma época.
Em 1991, obteve um Prémio Nacional do Património.
O Museu tem colecções pré-históricas, proto-históricas, romanas e medievais, salientando-se o acervo de cerâmica islâmica, obtido em grande parte nas escavações realizadas no Castelo de Silves.
O Museu funciona como centro de investigação e edita a revista XELB.
Por ser lado, património arqueológico do Algarve central conserva-e nos museus de Albufeira, Cerro da Vila, Loulé e Faro.
Museu Municipal de Albufeira
Com a extinção do Museu Histórico-Arqueológico, fundado em 1960 na ermida de S. Sebastião pelo Padre Semedo Azevedo, as suas colecções ficaram na tutela do Município, até que, em 20 de Agosto de 1999, é inaugurado o Museu Municipal de Arqueologia, passando a integrar a rede Portuguesa de Museus. Localiza-se na zona antiga de Albufeira, outrora designada por Praça de Armas, actual Praça da República.
As colecções são de Época romana e são maioritariamente provenientes de escavações efectuadas na Retorta, em Santa Eulália e noutros locais do concelho.
Propriedade da Lusotour, localiza-se na villa romana com o mesmo nome
O seu acervo é maioritariamente constituído pelos materiais arqueológicos recolhidos nas escavações do Sítio Arqueológico e é formado por um núcleo da Idade do Bronze e por colecções romanas e árabes e estelas mediavais.
http://www.cm-silves.pt/portal_autarquico/silves/v_pt-PT/menu_municipe/servicos_municipais/infra-estruturas/culturais/Museu_Arqueologia/
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/itinerarios/alentejo-algarve/10/
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/itinerarios/alentejo-algarve/10/
Museu Municipal de Loulé
Localizado no Castelo, onde desde 1991 havia a mostra de uma cozinha tradicional, a colecção arqueológica está instalada em duas antigas dependências da Alcaidaria, que remontam ao século XIV. O seu acervo é constituído por objectos arqueológicos que vão desde o período proto-histórico até à Idade Média, passando pelos períodos romano, romano-visigótico e islâmicoque, salientando-se uma colecção de cerâmica tardo-romana proveniente do Loulé-Velho.
Museu Municipal de Faro
http://guiastecnicos.turismodeportugal.pt/pt/museus-monumentos/ver/Museu-Municipal-de-Faro
Busto de Agripina proveniente da Villa romana de Milreu, Museu Municipal de Faro.
Fotografia de José Alberto Ribeiro.
Museu Lapidar Infante D. Henrique, Faro
Museu Lapidar Infante D. Henrique, Faro
Fundado em 1894 pelo Cónego Pereira Boto, vice-reitor do Seminário, é actualmante tutelado pela Câmara Municipal.
Inicialmente instalado em algumas salas do edifício da Câmara, a Capela de Santo António dos Capuchos, foi em 1973 transferido para o Convento de Nª. Senhora da Assunção.
«O Museu Municipal de Faro foi o segundo criado no Algarve. Em 2 de Fevereiro de 1894 foi deliberada a criação do então Museu Archeológico e Lapidar Infante D. Henrique, homenageando assim o Navegador, por ocasião do V Centenário do seu nascimento. Em 1896 a exposição do espólio já ocupava três salas do edifício dos Paços do Concelho. A abertura ao público efectuou-se no dia 9 de Outubro de 1897, com a presença do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia.
Em 1913, já durante a I República, este núcleo passa a funcionar na Igreja do Convento de Santo António dos Capuchos, onde permaneceu até 1971, transitando então para as actuais instalações, no antigo Convento da Nossa Senhora da Assunção».
A partir de: http://www.cm-faro.pt/menu/218/museu-municipal-de-faro-na-historia.aspxLocaliza-se no Convento de Nª. Senhora da Assunção, Faro.
O seu acervo arqueológico é composto por materiais pré-históricos, proto-históricos, romanos, visigóticos, árabes e portugueses. Salienta-se a colecção romana com um notável núcleo de epigrafia latina e peças arquitectónicas, bustos e o mosaico Oceano, proveniente de Faro, vidros e cerâmicas romanas de importação e um importântíssimo espólio proveniente de Milreu, Estói».
Texto citado e fotografia abaixo partir de O Museu Municipal de Faro.
http://www.cm-faro.pt/menu/218/museu-municipal-de-faro-na-historia.aspx
«O Museu Municipal de Faro foi o segundo criado no Algarve. Em 2 de Fevereiro de 1894 foi deliberada a criação do então Museu Archeológico e Lapidar Infante D. Henrique, homenageando assim o Navegador, por ocasião do V Centenário do seu nascimento. Em 1896 a exposição do espólio já ocupava três salas do edifício dos Paços do Concelho. A abertura ao público efectuou-se no dia 9 de Outubro de 1897, com a presença do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia.
Em 1913, já durante a I República, este núcleo passa a funcionar na Igreja do Convento de Santo António dos Capuchos, onde permaneceu até 1971, transitando então para as actuais instalações, no antigo Convento da Nossa Senhora da Assunção».
A partir de: http://www.cm-faro.pt/menu/218/museu-municipal-de-faro-na-historia.aspxLocaliza-se no Convento de Nª. Senhora da Assunção, Faro.
O seu acervo arqueológico é composto por materiais pré-históricos, proto-históricos, romanos, visigóticos, árabes e portugueses. Salienta-se a colecção romana com um notável núcleo de epigrafia latina e peças arquitectónicas, bustos e o mosaico Oceano, proveniente de Faro, vidros e cerâmicas romanas de importação e um importântíssimo espólio proveniente de Milreu, Estói».
Texto citado e fotografia abaixo partir de O Museu Municipal de Faro.
http://www.cm-faro.pt/menu/218/museu-municipal-de-faro-na-historia.aspx
De salientar o seu acervo arqueológico, composto por materiais pré-históricos, proto-históricos, romanos, visigóticos, árabes e portugueses. Salienta-se a colecção romana com um notável núcleo de epigrafia latina e peças arquitectónicas, bustos e o mosaico Oceano, proveniente de Faro, vidros e cerâmicas romanas de importação e um importântíssimo espólio proveniente de Milreu, Estói.
Centro Interpretativo de Milreu, Estói
Localizado na Villa romana, pretende dar a conhecê-la , vivendo fundamentalmente de materiais gráficos e fotográficos.
No Algarve Oriental, em zona da Ria Formosa, podem conhecer-se os seguintes Museus:
Museu de Olhão
Instalado na Casa do Compromisso Marítimo, é tutelado pela Câmara Municipal. O núcleo mais importante é o acervo constituído pelo colecionador e historiador local Abílio Gouveia, salientando-se as inscrições latinas e peças romanas da Quinta de Marim.
Parque Natural da Ria Formosa
Criado por Decreto-Lei 373/87 de 9 de Dezembro, é tutelado pelo Ministério do Ambiente.
Instalado, em 1991, na Quinta de Marim, assenta numa “villa” romana.
Tem um espaço museológico organizado na sala dos aquários, com peças arqueológicas recolhidas em prospecções e outros trabalhos realizados em estações do litoral, no sítio do Arroio, Pedras d`El Rei, Cacela, etc.
Museu Paroquial de Moncarapacho
Tutelado pela diocese do Algarve, está instalado, desde 1981, em edifício anexo à capela do Santo Cristo, tendo sido construído com o apoio do Ministério das Obras Públicas, Fundação Calouste Gulbenkian e Câmara Municipal de Olhão.
Possui um núcleo de arqueologia romana, de que se destaca um marco miliário, verdadeira raridade no Algarve, colecções árabes e da época portuguesa.
http://radix.cultalg.pt/visualizar.html?id=3572http://www.lifecooler.com/portugal/patrimonio/MuseuParoquialdeMoncarapacho
Câmara Municipal de Tavira
Tem uma colecção de arqueologia onde estão representadas algumas estações arqueológicas do Concelho, desde o Neolítico, existindo intenção de se vir a criar um Museu.
Associação para a Defesa, Reabilitação, Investigação e Promoção do Património Natural e Cultural de Cacela
Criada em Maio de 1991 pelo arquitecto Desidério Baptista, tem um núcleo de peças arqueológicas provenientes dos sótios romanos de Cacela e da Manta Rota.
Núcleo Museológico de Castro Marim
Fundado pelo Município, instalado numas salas do Castelo da Vila, e, a partir de 2007, está aberto ao público o Núcleo Museológico do Castelo de Castro Marim, onde se podem ver as colecções provenientes das escavações arqueológicas realizadas nas últimas décadas na pequena colina do Castelo, que denunciam uma ocupação desde o Bronze Final, Idade do Ferro à Época Romana, e ainda outros períodos da História, bem como de outros pontos do concelho.
Segunto ainda o levantamento de Maria Luísa Estácio da Veiga Affonso dos Santos, mas actualizando-o, podemos referir os seguintes Museus com acervo proveniente do Algarve:
Museu Arqueológico de Vila Viçosa
Pertence à Fundação da Casa de Bragança, as suas colecções arqueológicas transitaram do Paço Ducal para o Castelo em 1960. Entre estas encontra-se uma inscrição funerária, a Ploce Catula, encontrada na Quinta do Arroio, Luz de Tavira.
Fez parte da rica colecção do Rei D. Fernando II, presumindo-se que lhge tenha sido oferecida por Teixeira de Aragão, que havia escavado a necrópole do Arroio.
http://viasromanas.blog.pt/2011/11/miliarios-no-museu-arqueologico-de-vila-vicosa-2/
Museu Regional de Évora
É tutelado pelo Estado através do I.M.C. organismo dependente da Secretaria de Estado da Cultura. Criado pelo Decreto nº 1355 de 01 de Março de 1915, este Museu está instalado no edifício do antigo paço arquiepiscopal, situado em frente ao templo romano (14).
Entre as colecções arqueológicas conservam-se duas peças oriundas do Algarve, uma inscrição latina de S. Bartolomeu de Messines, e um busto romano feminino, de grande qualidade plástica, procedente das proximidades de Tavira.
Recentemente remodelado, nele se podem ver os vestígios dessa enorme praça pública romana ou Forumonde se inscreve o Templo fronteiro e os restos de uma necrópole.
Vale a pena ver com atenção os vidros romanos, as esculturas e os fragmentos escultóricos.
Entre as colecções arqueológicas conservam-se duas peças oriundas do Algarve, uma inscrição latina de S. Bartolomeu de Messines, e um belíssimo busto romano feminino, procedente das proximidades de Tavira.
Museus de Lisboa
Museu da Academia das Ciências de Lisboa
Depende da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia. «Fundada em 1781 por D. Maria I, já possuia na 1ª metade do século XIX um Museu de História Natural, herdeiro do Museu Maynense do séc.XVIII, sucessivamente aumentado com a transferência das colecções da Ajuda, em 1836 para a Academia, por doações reais e pelos trabalhos da Comissão Consultiva de Minas iniciados em 1852. As colecções de zoologia e mineralogia foram posteriormente transferidas para a Escola Politécnica.
Este Museu chegou até aos nossos dias com uma vasta colecção de materiais de várias disciplinas. Está actualmente sob a direcção do Prof. Rómulo de Carvalho que já publicou o catálogo dos Instrumentos de Física. É possível que nele se encontrem alguns materiais arqueológicos do Algarve de acordo com a notícia do académico algarvio João Baptista Silva Lopes, que informa ter oferecido em 1839 moedas romanas de prata encontradas na serra de Tavira (2)».
Museu Arqueológico do Carmo
Instituição particular pertencente à Associação dos Arqueólogos Portugueses, foi recentemente remodelado. Fundado em 1864 pela Real Associação dos Architectos Civis e Archeólogos Portugueses situa-se nas ruínas da Igreja do antigo Convento de Nossa Senhora do Carmo.
Entre o seu acervo, podemos destacar um conjunto de inscrições latinas provenientes da Quinta das Antas, na freguesia da Luz de Tavira. http://www.museuarqueologicodocarmo.pt/p_museu.html
Museu Nacional de Arqueologia
Actualmente tutelado pela Direcção Geral do Património Cultural, organismo dependente do Ministério da Cultura, foi fundado por iniciativa de José Leite de Vasconcelos, através de decreto de 20.12.1893 de Bernardino Machado com a designação de Museu Etnográfico Português. Em 1897 passou a chamar-se Museu Etnológico Português, e mais tarde Museu Etnológico do Doutor Leite de Vasconcelos.
Instalado na sua fase inicial no edifício da Academia das Ciências, foi transferido em 1903 foi para o Mosteiro dos Jerónimos onde ainda se encontra, pese as inúmeras polémicas em torno da sua transferência. Nos anos 60, sua a designação passou a ser Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia, e, em 1990, foi novamente mudada para Museu Nacional de Arqueologia Doutor Leite de Vasconcelos.
Neste Museu «foram integradas ao abrigo de uma cláusula do decreto que previa «o direito de anexar colecções do Estado dispersas e sem instalação própria», as colecções do Museu Arqueológico do Algarve, organizado em 1880 por Estácio da Veiga com o produto de dois anos de escavação, acrescentado com materiais descobertos em 1882, e outras colecções que posteriormente reuniu e que conservou na sua casa de campo das Cabanas de Tavira, até à data em que faleceu.
Outras colecções algarvias independentes de grande núcleo foram constituídas por doações e trabalhos de campo efectuados no Algarve por Leite de Vasconcelos e funcionários do Museu Etnológico» (3), motivo pelo que, ainda nos nossos dias, é uma instituição fundamental para o conhecimento da Arqueologia do Algarve.
«A peça registada no inventário do MNA com o número 18208 ( = 994.6.3) é conhecida como a «cabeça de Milreu» ou simplesmente «retrato de mulher». Trata-se de uma peça de escultura romana, uma cabeça feminina em mármore branco, datada do final do século I, inícios do século II d.C. A escultura foi encontrada por Estácio da Veiga nas termas de Milreu, perto de Faro, e depois de ter incorporado o acervo do museu da capital algarvia transitou para o Museu Nacional de Arqueologia.
Logo nos primeiros trabalhos publicados sobre esta peça, foi destacada a beleza da mesma, bem como a sua especificidade, derivada sobretudo do penteado em «ninho de vespa», tal como lhe chama a bibliografia portuguesa», ou em «topete», como o classificam os estudos anglo-saxónicos, germânicos e franceses. Com efeito, a «mulher de Milreu» ostenta um penteado dividido em duas secções, em que, numa delas, o cabelo sobressai na parte frontal da cabeça, na forma de um diadema constituído por três fileiras de caracóis sobrepostos, enquanto a parte de trás se forma com uma «mecha de cabelo enroscado em carrapito sobre a nuca, descobrindo as orelhas» Os anéis obtinham-se com recurso a uma vara de encaracolar e mantidos com uma aplicação de cera de abelha. O topete era mantido no seu lugar com o auxílio
de uma fita de couro na parte de trás.
Segundo o estudo de J. L. de Matos, a parte que resta deveria fazer parte de um busto, representando uma personagem anónima. Na ficha que se inclui no catálogo da exposição «Religiões da Lusitânia», Cardim Ribeiro nota ainda que esta peça é a evidência da forma como as elites municipais da Lusitânia meridional se relacionavam, nos séculos I e II d.C., com as elites imperiais, adoptando tendências e seguindo modas, buscando dessa forma o prestígio, pelo facto de as mesmas transmitirem a ideia de proximidade ao poder.
Na verdade, a representação que hoje podemos ver no MNA corresponde a um figurino razoavelmente presente em vários museus europeus. Os penteados com topete, particularmente notórios e conhecidos no quadro cultural romano, têm sido associados sobretudo ao período flaviano, mas teriam sido usados até pelos menos aos anos 20 do século II d.C. (épocas trajânica e adriânica).
Cardim Ribeiro caracteriza o retrato como a figuração de uma jovem mulher que exibe um penteado típico da época tardo-flávia, «influência de Júlia, filha de Tito e esposa de Domiciano». Com efeito, alguns autores afirmam que a moda destes penteados teria sido iniciada por membros da casa imperial, designadamente Júlia Titi (65-91 d.C.) e Domícia Longina (?-140 d.C.), respectivamente a filha de Tito (39-81 d.C.) e a mulher de Domiciano (51-96 d.C.). Daí que, partindo dos princípios do «retrato verista» romano, a esmagadora maioria das figuras assim representadas fosse identificada com as duas princesas imperiais. Outros estudos, alguns mais recentes, porém, têm concluído que algumas das representações até aqui identificadas como as mulheres da família imperial serão, na verdade, retratos privados e anónimos»
Texto a partir de: A Peça do Mês de Dezembro
Apresentada por Nuno Simões Rodrigues, em 14 de Dezembro de 2013 às 15h Museu Nacional de Arqueologia. 2013. Notícia a partir de Archport, 11.12.2013.
Na fotografia; Garrafa de vidro proveniente do Campo da Trindade, Faro. MNA.«Tipo Isings 104. O reservatório é esférico, o gargalo é afunilado, o fundo é ligeiramente côncavo, o bordo é de arestas aparentemente polidas ao torno. O bojo apresenta decoração executada à roda por abrasão, composta por três medalhões circulares separados por elementos estilizados com braços curvilíneos. Cada um dos medalhões apresenta, no seu interior, a representação de um animal: urso, touro e javali. O primeiro virado à direita, os outros dois para a esquerda. Os contornos do urso e do javali são parcialmente desenhados por pequenas linhas oblíquas e os pêlos por linhas em ziguezague. O touro apresenta uma linha cruzada entre os chifres, tem uma coleira à volta do pescoço e três estrelas gravadas. Os olhos são representados por losangos atravessados por uma linha pelo diâmetro. (Segundo Alarcão, op.cit). Vidro verde com numerosas bolhas de ar, algumas impurezas negras e ligeiras estrias da soflagem».
Retrato feminino, conhecido por «Cabeça de Milreu»,
«A peça registada no inventário do MNA com o número 18208 ( = 994.6.3) é conhecida como a «cabeça de Milreu» ou simplesmente «retrato de mulher». Trata-se de uma peça de escultura romana, uma cabeça feminina em mármore branco, datada do final do século I, inícios do século II d.C. A escultura foi encontrada por Estácio da Veiga nas termas de Milreu, perto de Faro, e depois de ter incorporado o acervo do museu da capital algarvia transitou para o Museu Nacional de Arqueologia.
Logo nos primeiros trabalhos publicados sobre esta peça, foi destacada a beleza da mesma, bem como a sua especificidade, derivada sobretudo do penteado em «ninho de vespa», tal como lhe chama a bibliografia portuguesa», ou em «topete», como o classificam os estudos anglo-saxónicos, germânicos e franceses. Com efeito, a «mulher de Milreu» ostenta um penteado dividido em duas secções, em que, numa delas, o cabelo sobressai na parte frontal da cabeça, na forma de um diadema constituído por três fileiras de caracóis sobrepostos, enquanto a parte de trás se forma com uma «mecha de cabelo enroscado em carrapito sobre a nuca, descobrindo as orelhas» Os anéis obtinham-se com recurso a uma vara de encaracolar e mantidos com uma aplicação de cera de abelha. O topete era mantido no seu lugar com o auxílio
de uma fita de couro na parte de trás.
Segundo o estudo de J. L. de Matos, a parte que resta deveria fazer parte de um busto, representando uma personagem anónima. Na ficha que se inclui no catálogo da exposição «Religiões da Lusitânia», Cardim Ribeiro nota ainda que esta peça é a evidência da forma como as elites municipais da Lusitânia meridional se relacionavam, nos séculos I e II d.C., com as elites imperiais, adoptando tendências e seguindo modas, buscando dessa forma o prestígio, pelo facto de as mesmas transmitirem a ideia de proximidade ao poder.
Na verdade, a representação que hoje podemos ver no MNA corresponde a um figurino razoavelmente presente em vários museus europeus. Os penteados com topete, particularmente notórios e conhecidos no quadro cultural romano, têm sido associados sobretudo ao período flaviano, mas teriam sido usados até pelos menos aos anos 20 do século II d.C. (épocas trajânica e adriânica).
Cardim Ribeiro caracteriza o retrato como a figuração de uma jovem mulher que exibe um penteado típico da época tardo-flávia, «influência de Júlia, filha de Tito e esposa de Domiciano». Com efeito, alguns autores afirmam que a moda destes penteados teria sido iniciada por membros da casa imperial, designadamente Júlia Titi (65-91 d.C.) e Domícia Longina (?-140 d.C.), respectivamente a filha de Tito (39-81 d.C.) e a mulher de Domiciano (51-96 d.C.). Daí que, partindo dos princípios do «retrato verista» romano, a esmagadora maioria das figuras assim representadas fosse identificada com as duas princesas imperiais. Outros estudos, alguns mais recentes, porém, têm concluído que algumas das representações até aqui identificadas como as mulheres da família imperial serão, na verdade, retratos privados e anónimos»
Texto a partir de: A Peça do Mês de Dezembro
Apresentada por Nuno Simões Rodrigues, em 14 de Dezembro de 2013 às 15h Museu Nacional de Arqueologia. 2013. Notícia a partir de Archport, 11.12.2013.
Foi «este busto estudado em SOUZA (Vasco de Souza), Corpus Signorum Imperii Romani. Portugal, Instituto de Arqueologia, Coimbra, 1989, sob o nº 123. A respectiva ficha está na p. 43, de que, na p. 71, se apresenta, em síntese, a seguinte informação: «Retrato feminino da época de Trajano». Está ilustrada com fotografia, de três ângulos». – J. d’E. – José d'Encarnação. in Archport 11.12.2013.
Na fotografia; Garrafa de vidro proveniente do Campo da Trindade, Faro. MNA.«Tipo Isings 104. O reservatório é esférico, o gargalo é afunilado, o fundo é ligeiramente côncavo, o bordo é de arestas aparentemente polidas ao torno. O bojo apresenta decoração executada à roda por abrasão, composta por três medalhões circulares separados por elementos estilizados com braços curvilíneos. Cada um dos medalhões apresenta, no seu interior, a representação de um animal: urso, touro e javali. O primeiro virado à direita, os outros dois para a esquerda. Os contornos do urso e do javali são parcialmente desenhados por pequenas linhas oblíquas e os pêlos por linhas em ziguezague. O touro apresenta uma linha cruzada entre os chifres, tem uma coleira à volta do pescoço e três estrelas gravadas. Os olhos são representados por losangos atravessados por uma linha pelo diâmetro. (Segundo Alarcão, op.cit). Vidro verde com numerosas bolhas de ar, algumas impurezas negras e ligeiras estrias da soflagem».
Tutelado pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, foi fundado em 1894 por iniciativa do arqueólogo Santos Rocha, que foi o seu primeiro director. «Com instalação provisória na Casa do Paço foi transferido para o andar nobre da Câmara Municipal, construída nesse ano, onde se manteve até 1975 . Nesta data é transferido para um edifício construído de raíz, modelarmente organizado e dirigido» (4).
As colecções arqueológicas que, em grande parte, são provenienetes das escavações realizadas no Alagarve pelo arqueólogo Santos Rocha nas villae da Boca do Rio, de S. João da Venda, da Quinta do Marim e ainda das necrópoles romanas da Fonte Velha e Marateca, são constituídas por um núcleo significativo de peças romanas. Destacam-se as “terra sigillata”, os vidros e estelas funerárias, bem como os dolia.
(1) a (4) – Segundo Maria Luísa Estácio da Veiga Affonso dos Santos.
Bibliografia que serviu de base fundamental a este artigo:
Maria Luísa Estácio da Veiga Affonso dos Santos, MUSEUS E CONSERVAÇÃO DO PATRIMONIO ARQUEOLÓGICO MÓVEL DO ALGARVE, in Algarve, Noventa Séculos entre a Serra e o Mar. IPPAR.
http://algarvivo.com/arqueo/museus/museus-algarve.html
António dos Santos Rocha, ed. 1971, in «Acta Universitatis Conimbrigensis» com edição disponível online.
António dos Santos Rocha, ed. 1971, in «Acta Universitatis Conimbrigensis» com edição disponível online.
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