terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O Programa de valorização das Pontes do Alentejo: que balanço agora?




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Imagens: IPPAR

A partir da introdução ao livro de apresentação do Programa de recuperação das Pontes Históricas do Alentejo, 2005

«A ponte é uma passagem prá outra margem» canta Luís Portugal dos Já Fumega.


A ponte é, aliás, um ponto onde dois caminhos se tornam num; uma travessia que permite vencer ritualmente e fisicamente a superfície da água, o vale, o declive e o precipício.
A ponte constrói-se de arcos de luz grande ou pequena: mas será sempre o retrato da solidez.
As suas guardas protegem quem passa: peões, carroças e carros milenares; viajantes e mercadorias.
A ponte viabiliza um itinerário; marca uma paisagem regrada que permite implantar as suas fundações.
Porque ela foi em Roma um meio, tendo permitido vitórias como as de Júlio César sobre os Germanos, junto ao Reno (Suetónio, Vida dos Doze Césares, «Divino César»), um veículo, viabilizando a ligação e subjugação de mundos infindáveis, a ponte é o símbolo da grandiosidade e da perenidade do Império que a foi gradualmente solidificando;
E porque, ainda hoje, altiva, representa o saber vencer as dificuldades que a Natureza oferece ao Homem, a ponte representa a essência da Construção e da Civilização onde nos alicerçamos.
E, no entanto, a simplicidade espelha-se ao mesmo tempo nela: um arco ou arcos de volta perfeita ou ligeiramente abatidos, apoiando-se em pilares, por vezes contrafortados, que lhes distribuem a força e que aguentam o embate das águas e que permitem ainda suster o peso dos tabuleiros e de tudo que sobre eles caminhará.
De madeira, de pedra irregular ou silharia regularizada, e ainda de metal, a ponte é verdadeiramente uma “passagem para a outra margem”.
Através do programa de Recuperação de Pontes Históricas do Alentejo, com o apoio do Programa Operacional da Cultura que permitiu intervencionar uma vintena de imóveis de origem romana e medieval, onde se inscrevem o monumental exemplar da Ribeira de Sedas, em Alter do Chão, a ponte de Vila Ruiva, Cuba e a ponte do Xarrama, Évora pretendeu-se, em termos gerais, consolidar a solidez das mesmas, elegendo, ao mesmo tempo, sítios e paisagens e requalificando percursos de visita.
Que a partir delas saibamos fazer novas travessias e novas Itinerâncias entre tantos outros lugares de um território que foi cruzado milenarmente por múltiplos povos, como é este do Sul de Portugal
.


Filomena Barata, 2005


O projecto de Valorização das Pontes Históricas do Alentejo, apoiado pelo Programa Operacional da Cultura, cobriu uma parte muito significativa deste tipo de imóveis localizados nesta região de Portugal. Muitas dessas pontes, de origem medieval, têm sido identificadas como romanas.


O programa teve como objectivo primordial executar um conjunto de intervenções de recuperação destas construções, procurando sensibilizar o público para a importância dos eixos viários antigos, tendo sido seleccionadas vinte estruturas com características tipológicas e cronológicas muito diversas, e assumindo-se ainda a componente de integração paisagística como um valor a manter e a reabilitar.

No Alentejo o programa foi coordenado por João Marques e António Cunha da ex-DRE do IPPAR.


Ponte da Portagem, Fotografia de Emilio Nunes.


Ponte de Monforte. Fotografia de José Carlos Carvalho


Um comentário:

bettips disse...

Apetecem-me pontes.
Assim, descobertas. Estimadas.
Bj